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Presença de mercúrio no organismo gera danos ao sistema nervoso

Os processos industriais, o garimpo de ouro, a contaminação alimentar e ambiental por atividades que utilizam mercúrio estão entre as principais fontes de exposição humana ao elemento. É o que aponta artigo de revisão publicado pela Revista Brasileira de Saúde Ocupacional (RBSO).

Com o objetivo de realizar um levantamento sobre a produção científica acerca da exposição ao mercúrio, o artigo recupera 71 estudos, sendo 40 revisões sistemáticas, 30 metanálises e uma overview sobre o tema.

O mercúrio é um elemento químico natural que pode gerar diversos efeitos nos seres vivos. Sua presença no organismo pode danos ao sistema nervoso, rins e sistema cardiovascular, além do respiratório, gastrointestinal, hematológico, imunológico e reprodutivo.

“Estudos sobre a exposição ocupacional ao mercúrio ainda são pouco frequentes. Dos materiais encontrados, apenas um tratou de mineração em pequena escala. O uso também ocorre em mineração de maior escala. Sabe-se que ainda há extração mineral com uso de mercúrio em nosso país, mesmo sendo proibida sua utilização e, portanto, presença de exposição de trabalhadores ao mercúrio nessas atividades”, afirmam as autoras.

Com o levantamento, identificaram-se diversas publicações que tratam da exposição clínica ao mercúrio na área odontológica. Além disso, foram encontrados materiais sobre o metilmercúrio, uma das formas mais tóxicas do mercúrio. Os materiais dissertam sobre os efeitos do consumo de peixes, contaminados pelo composto, em geral, por atividades de garimpo, afetando comunidades ribeirinhas, cujo alimento é uma das principais fontes de proteína.

“Os estudos sistematizados nesta revisão de escopo constituem informação potencial para elaboração de síntese de evidências e de conhecimento para uso e aplicação na elaboração de protocolos de atenção à saúde de populações expostas ao mercúrio e em políticas públicas, conforme recomendado pela Convenção de Minamata”, apontam as autoras.

Desde que entrou em vigor no país, em 2018, a Convenção de Minamata busca controlar o fornecimento e o mercado de mercúrio, reduzir o uso, a emissão e monitorar o descarte deste elemento.

Fonte: Fundacentro